O voto do eleitorado evangélico será muito
disputado nas eleições municipais desse ano no Rio de Janeiro. A ausência da
deputada Benedita da Silva e do senador Marcelo Crivella na disputa, o que não
ocorria há quase 20 anos, está levando os candidatos a se mobilizarem para
conquistar essa parcela dos eleitores.
Segundo projeções dos próprios candidatos e
do cientista político da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marcus Ianoni,
os evangélicos devem representar cerca de 20% do total de eleitores esse ano na
cidade.
De acordo com o Terra, o deputado Rodrigo
Maia (DEM), já se posiciona como opção para esses eleitores, já que a deputada
estadual Clarissa Garotinho (PR), vice na chapa de Rodrigo, é evangélica e
filha do deputado federal Anthony Garotinho, considerado um interlocutor do
meio. Segundo Maia “Garotinho optou por um caminho em que a questão dos valores
é prioridade na pauta política e no posicionamento dele. O mandato é na defesa
de questões como o kit homofobia, e ele tem se posicionado nesses temas. É
natural que os evangélicos vejam nele essa referência”.
O prefeito Eduardo Paes, que busca a
reeleição pelo PMDB, tem ao seu lado a igreja Assembleia de Deus Vitória em
Cristo, a Igreja Internacional da Graça e as rádios El Shaddai e Melodia, ambas
da área gospel. Além disso, ele tem em sua rede de alianças o PRB, legenda de
Marcelo Crivella, ministro da Pesca do governo Dilma Rousseff, que é ligado à
Igreja Universal do Reino de Deus.
Maia analisou os apoios recebidos por seu
adversário afirmando: “Nenhum desses grupos tem mais de 3% ou 4% da população.
As assembleias de Deus são as maiores (igrejas), mas ninguém tem controle
total”, ele definiu também os assuntos que mais atraem a atenção: “Isso já foi
detectado há muito tempo e todos os partidos trabalham temas polêmicos como
valores ou leis municipais, aborto ou casamento gay. O eleitor gosta”.
Militante do PSOL, o pastor Mozart Noronha,
da Igreja Luterana, criticou o que ele chamou de “eleitorado de cabresto”, que
acontecem em igrejas evangélicas e afirmou que o candidato do seu partido, o
deputado Marcelo Freixo, não terá nenhuma estratégia especifica para alcançar
os evangélicos. “Existem igrejas evangélicas com perfis completamente
diferentes. Os neopentecostais têm um poder de voto muito grande e são
compostos de uma grande massa, comandada por um clero ardiloso e manipulador.
Essas igrejas normalmente têm candidatos próprios e imenso número de votos. O
Marcelo Freixo não está nessa questão. Muitos evangélicos históricos vão votar
nele, mas pelas posições políticas”, explicou.
O cientista político Marcus Ianoni também
opinou sobre a participação dos evangélicos na eleição e afirmou que,
independentemente de quem vencer a eleição municipal deste ano no Rio de
Janeiro, os evangélicos estarão em postos importantes e influentes no Poder
Público da cidade: “Dada a presença deles na sociedade e na política carioca,
com certeza eles ocuparão postos na próxima administração, seja no Executivo ou
no Legislativo. Eles têm lideranças com boa penetração nos partidos e no
eleitorado”, ponderou.
Porém, Ianoni ressaltou que tocar em assuntos
religiosos de maneira exaustiva pode não ser uma boa estratégia no Rio já que,
segundo ele, “há no Rio um eleitorado de classe média que é avesso a campanhas
conservadoras”.
Fonte: Gospel
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